quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

24 horas algures em Angola

A primeira notícia desagradável foi que a UNITEL estava OFF... Sendo a minha rede para telemóvel e internet, além de continuar como na fazenda sem comunicações, ainda juntei a isso a desilusão de expectativas frustradas de poder comunicar com o mundo exterior.

Mas vamos à história completa... Além da rede de telemóvel, também não existia o gasóleo que eu vinha comprar... só chega amanhã de Luanda, disseram-me. Óptimo, já era quase noite e não fazia tenções de regressar à fazenda àquela hora. Sem net ainda consegui uma boleia no PC do meu irmão que usa outra rede, mas mesmo assim deitei-me relativamente cedo. Não nos levantamos impunemente às 5 da manhã.

Ao deitar-me planeei ir comprar gasóleo para a fazenda, e gasolina para o gerador cá de casa logo cedinho e arrancar para a fazenda logo a seguir. Convencido que assim seria, por volta das seis horas já tomava o meu cafesinho e me preparava para fazer o que tinha programado. Um olá através da net aos amigos e familiares espalhados pelo mundo e lá vou eu... gasóleo já havia mas a bomba que o puxa do depósito subterrâneo estava avariada. :-(( O técnico já vai arranjar... -E gasolina? -Gasolina não veio!!! :-((((((

Uma volta pelos candongueiros conhecidos na tentativa de arranjar 20 litros de gasolina foi infrutífera. Gasóleo havia com fartura mas era vendido em doses de 20 litros ao dobro do preço e eu queria 500 litros. Não era viável. Vou esperar que a bomba seja arranjada...

Em casa, ainda sem rede de net e de telm, consegui novamente uma boleia no PC do irmão para uns olás a pessoas distantes que moram em mim. O resto da manhã foi passado a orientar as obras de construção civil que decorrem cá em casa, com a energia eléctrica intermitente a atrapalhar. Não muito porque é quase tudo manual com poucas máquinas a depender de energia eléctrica.

Depois de almoço nova investida em busca do gasóleo. Encostei na bomba e tudo fechado... alguém que ia a passar informou-me que a bomba estava avariada. Já sabia mas agradeci... No regresso desiludido a casa deparei com meia dúzia de adolescentes com bidons de 20 litros, imagem típica de candongueiros de combustível, sentados nas escadas da fortaleza. Perguntei se vendiam gasolina. Que não, que só tinham gasóleo. -E gasolina, onde posso encontrar. -Gasolina é o bombeiro, empregado das bombas de combustível, que vende na casa dele... :-O

Não arranjo gasóleo para a fazenda mas vou conseguir gasolina para o gerador de casa, pensei. Mas a gasolina já tinha acabado até na casa do bombeiro. Mas como nem tudo pode correr mal, reapareceu o sinal da UNITEL.

Vou para casa enviar umas mensagens e fazer uns telefonemas e arranco para a fazenda de seguida. De mãos a abanar, é certo, mas como na vila já não estava a fazer nada... Pude enviar as mensagens e telefonar mas qundo me preparava para partir, um espesso nevoeiro acompanhado de forte trovoada escondeu por completo o Sol e não tardou que catadupas de água se abatessem na terra sedenta, já não chovia há 15 dias, libertando o cheiro característico destas paragens a terra molhada. A escurecer e com a chuva diluviana que se fazia sentir, resolvi não arriscar uma viagem de quase 40 km em picada, com um carro de vinte anos...

Agora, já sem chuva e com a energia de regresso, tenho o despertador ligado para as 4 da manhã, na esperânça de partir às 4:30.

2 comentários:

Seagul disse...

Mestres do improviso
Se aqui já somos conhecidos por sermos uns "desenrascas", então aí é que é - há sempre novidades!
Vão no ar alguns beijinhos para quando os puderes apanhar!Escreve sempre que puderes -
Gostei sobretudo de: "pessoas distantes que moram em mim"- são coisas assim que nos aconchegam a alma.Jinho. Gina

Lusbelo disse...

;*

Hábitos refinados em terras distantes... a mistura de portugueses e africanos não produziu apenas mulatas. ;-) Chegaram direitinhos os beijinhos.

;-*