terça-feira, 11 de novembro de 2008

Tempestade

O dia acordou sereno e silencioso, de um silêncio estranho e profundo. Não o silêncio que resulta da ausência das pessoas que foram, na sua grande maioria, passar o fim-de-semana à vila. Era a própria natureza em silêncio, sem as dezenas de cantos e chamamentos que diariamente àquela hora chegam da floresta envolvente, sem o ladrar incessante dos cães ou o cantar do galo. Tudo adivinha que alguma coisa irá acontecer…

Ao sair à rua, apenas a ténue claridade que conseguia vencer o manto espesso das nuvens dizia que o Sol estaria algures acima do horizonte. E o silêncio assim… visto... era ainda mais pesado que o silêncio apenas ouvido. Fiquei também em silêncio, como se qualquer ruído meu pudesse quebrar algum encanto misterioso pairando no ar. Durante longos minutos tive a sensação que o silêncio já absoluto se ia tornando ainda mais profundo, enquanto as nuvens passavam progressivamente do cinzento ao negro e o dia, que não chegou a aparecer, era novamente noite. Mais duas pessoas se levantaram entretanto, estranharam o ambiente, e a previsão foi de que iria chover muito.

O ruído da descarga de uma faísca a cair muito perto, associado ao trovão quase em simultâneo, fez o céu desabar em luz, água e gelo. O barulho ensurdecedor da chuva e granizo, na chapa de zinco que cobre a casa, não permitia sequer falar com alguém, mesmo gritando, a mais de 30cm de distância. Mais de uma hora infernal de vento forte, muita chuva, granizo, trovoada acompanhada de relâmpagos em sequência rápida e regular, deu uma pequena amostra da força da Natureza.

Passada a fúria, e como que obedecendo algum maestro imaginário, a tempestade abrandou, e lentamente desapareceu por completo. Por momentos o silêncio voltou a dominar. Então, um a um, todos os sons habituais e familiares, temporariamente emudecidos, retomaram o seu lugar.

Angola… África em todo o esplendor dos seus contrastes. Infelizmente, outros contrastes, nada têm de espectacular ou poético.

9 comentários:

Unknown disse...

Que dizer perante tanta eloquência. de palavras escritas e experiências vividas...
Gosto de fazer parte, ainda que desta maneira... mas um dia gostaria que, por uma vez, uma dessas tempestades se abatesse sobre mim... é que são sempre as mesmas e da mesma ordem... tô um cadinho farta ;))

Muitos beijos e escreva sempre e mais e mais... Ficamos todos a ganhar!

Seagul disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Lusbelo disse...

Natacha,Gina, sempre prentes!! ;-)) Não tenho capacidade para exprimir o que isso significa para mim... mas eu sei que vocês sabem. ;-)

Das minhas qualidades de escrita falaremos em particular um dia... longe de uma tempestade para nos podermos ouvir. ;-)

;-**

Beijos

Unknown disse...

Estou sem palavras!
Quase que se consegue sentir o cheiro da (nossa) terra molhada!!!!!
Saudades?.. pode ser.....esperança?....talvez....um nó no peito?....seguramente!
Obrigada Fernando!
Um beijo grande pa ti.

Natacha e Gina, beijocas p'ás duas também.

Lusbelo disse...

:-(( Gina/Seagul

Involuntariamente, por inépcia eliminei o teu comentário. sorry! Gostava muito que o voltasses a pôr.

Beijos

Lusbelo disse...

Gracinha! ;-)

Faço o melhor que posso e sei... Contente por teres gostado e também pela tua presença.

;-*

Seagul disse...

LINDOOOOOOOOOOOOOOOOOO!
Eu não dizia há bocadinho que fazias mal em rasgar os teus escritos???
Aí tens!
Confia mais!
Beijocas.
Gina (em 11/11 às 11 e 24)

Ora cá estão novamente as minhas palavrinhas... é só pedir! E às vezes nem isso:):):)
Beijinhos maridinho fica bem.(em 20 do 11 às 8 e 42).

Amélie disse...

Olá amiguinho, eu também tenho vindo por aqui espreitar e fico, no mínimo... comovida.
Obrigada.
Gosto muito de ti.
Amélie

Lusbelo disse...

Olá Amélia. ;-*

Eu também gosto muito de te ver por cá. Quando espreitares dá um cucu

Beijos