segunda-feira, 28 de julho de 2008

Fim de semana "monótono".

Segunda, 21-07-08.
Depois de uma semana completa passada no isolamento da mata é altura de ir até à vila tomar contacto com o mundo. Veio mesmo a calhar o jogo para o Campeonato Nacional que o Recreativo, clube da terra, iria realizar com o Benfica de Luanda. O jogo correu bem e o bom jogo do Recreativo permitiu uma vitória por dois a um sobre o Benfica. Perder com uma equipa de uma vila do interior que é estreante no Girabola não agradou aos da capital e no fim o árbitro foi o “culpado”. Depois de uma pequena escaramuça com o árbitro como epicentro tudo acalmou com a pronta intervenção da polícia.

Ainda no estádio fomos convidados para um aniversário. Ao fim de semana há sempre uma festa em qualquer lado e como todos se conhecem, as festas são um local de reencontro. Muda o local mas as pessoas são sempre as mesmas. Depois da festa um salto até à discoteca e regresso a casa já de madrugada.

O plano era ficar pela vila durante o Domingo e regressar à fazenda ao fim do dia mas como em Angola o imprevisto é a normalidade, às sete da manhã tudo o que estava programado caiu por terra. Alguns trabalhadores da empresa levaram a notícia que um outro empregado tinha morrido. Trabalhou na sexta feira, foi dispensado a meio do dia por se estar a sentir mal e faleceu às quatro da manhã de Domingo. Morre muita gente em Angola sem motivo aparente. Rapaz novo, com mulher, uma filha de três anos e a mulher grávida de sete meses.

Voltamos à fazenda, 35 km em picada e uma hora de caminho, com os carpinteiros também funcionários da empresa, que apesar de ser Domingo se prontificaram para fazer o caixão. Por volta das quatro da tarde tinham o caixão pronto. Nova ida até à vila para levar o caixão à família. Apesar de o trabalhador em causa apenas ter trabalhado dez dias durante, a empresa teve em consideração o facto de a viúva ter ficado grávida e com uma criança quase de colo e decidiu pagar o mês na totalidade. Ao tentar entregar o dinheiro à viúva foi-nos dito que quem tinha direito ao dinheiro era a mãe do falecido e não a viúva… não sei como foi gasto aquele dinheiro que teria sido uma pequena ajuda para as crianças, mas quem sabe o que é um óbito tradicional em Angola pode imaginar.

Já era noite quando voltamos à fazenda. Hoje é segunda feira, tudo voltou ao ritmo normal e as borboletas continuaram a passar aos milhares, indiferentes a tudo...

4 comentários:

Seagul disse...

SÓ Visto!
Jinho.
Gina

Lusbelo disse...

;-*

Só vivido mesmo. A cada dia, a cada hora uma surpresa espreita já ali depois da próxima curva.

Beijos

Unknown disse...

Pelos vistos o Benfica, aí como aqui :D

Quanto ao resto... não quer ir terminar o curso de Antropologia por mim?? Já falta pouco... mas, por acaso, a cadeira de Povos e Culturas de África já está feita!! ora bolas!

beijoooooosssssssss

Seagul disse...

Natacha
A propósito de Antropologia... do autor que estás a ler li há anos e gostei imenso de: As 3 Sereias. Conheces?
Quem gosta muito tb desse autor é um nosso amigo "apimentado"!...
Beijo
Gina