quarta-feira, 31 de outubro de 2012

O Silêncio



Impressiona a morte lenta da aldeia deserta de crianças. Impressiona também a dimensão da hipocrisia humana, publicitada nas luzes de néon visíveis do lado de cá da fronteira e pertencentes às casas de “meninas” brasileiras, expulsas de Chaves para o lado de lá, de onde publicitam para o lado de cá. Mas impressiona mais que tudo, sentir o silêncio que domina tudo. Depois de alguma hesitação decidi pelo que mais me marcou… o silêncio!

Nas noites da cidade o dia nunca morre por completo. Aqui apenas o eco do silêncio nos faz companhia e já com o candeeiro apagado, a casa e tudo com ela, parece flutuar num espaço intemporal. Inundado de uma paz irreal, fecho os olhos e o sono lentamente toma conta do meu cansaço e transporta-me ao alvorecer de outro dia.
O canto melodioso do amanhecer das aves transporta-me com suavidade do sono para a quietude de uma manhã de Domingo numa aldeia transmontana. Nas encostas das colinas que se estendem no horizonte mostram-se à luz ténue da manhã, aqui e além, casas isoladas numa paisagem parada como uma fotografia, sensação apenas desmentida pelo preguiçoso acordar das colunas de fumo que se desprendem das chaminés vigilantes, a assinalar a presença de vida dentro delas. Ainda sem a presença do vento prometido para a tarde, é permitido ao fumo das chaminés erguer-se em altas colunas brancas, divertindo-se na tentativa de tocar o céu. Tudo se encaixa com a perfeição de uma orquestra afinada de silêncios.

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