domingo, 12 de abril de 2009

Cansaços

Depois da chuvada que agora se tornou diária e pontual no horário, já se vislumbra algum azul no céu, e o brilho do sol nas gotas da chuva que permanecem agarradas às folhas das plantas faz delas diamantes efémeros, e talvez por isso, ainda mais belos e valiosos que os eternos. À passagem do vento pelas árvores, as folhas acenam verdes. Mais logo, com o descer do sol no horizonte, e quando o fresco da noite se tornar ligeiramente frio, o pouco azul do céu que se mostra vai passar progressivamente ao cinzento e ao negro das nuvens que agora fazem companhia ao azul. Também os verdes e leves acenos das folhas das árvores à passagem da brisa fresca que ameniza o calor, não passarão de manchas de sombras projectadas pelo luar no chão quieto. Tudo fora de mim parece tão perfeito, belo e natural que me sinto destoar do que me rodeia. O que os sentidos acham belo e harmonioso não consegue ser partilhado pelos sentimentos. E esta dificuldade que às vezes tenho em harmonizar o interior de mim com o que me rodeia, traz-me este cansaço de corpo e alma que sinto sem saber de quê, e um cansaço assim é o mais horrível dos cansaços.

2 comentários:

Unknown disse...

Conheço muito bem esse tipo de cansaço, ainda que por motivos díspares, cansaço de espírito.
Mas também sei que passa, e também sei que você sabe que passa...
resta-nos a amargura da espera de que passe, ou, e melhor opção para mim, arrebitar o nariz e tentar "misturar-me" no Mundo outra vez...

beijo de conforto

Lusbelo disse...

Natacha

Sabemos isso tudo sim...


;*